Enterrando
Pensamentos
Neste
artigo, eu gostaria de me dirigir especialmente às pessoas que pensam muito em
assuntos espirituais, mas somente na hora de um enterro!
Certeza
da morte todos têm, mas este é um tema geralmente considerado altamente
desagradável e, assim, evitado. Além do
mais, o pensamento geral é que "a vida é tão agitada que não sobra tempo
para coisas que pertencem a um futuro remoto".
Mas
às vezes você tem de sair da sua rotina e ir à última despedida do amigo ou
parente que acabara de deixar este mundo.
E são nessas ocasiões que a realidade da morte é arremessada contra você
com tanta força, que os seus pensamentos abandonam os assuntos normais daquele
dia e se voltam para a eternidade.
Os
valores eternos infelizmente são muito desprezados, mas quando acontece de
serem comparados com os valores terrenos, mostram-se esmagadoramente
superiores. O material humilha-se ao espiritual. O provisório curva-se ao eterno. E naqueles momentos de séria reflexão, talvez
os mais lúcidos de sua vida, você se sente meio ridículo. Ridículo por estar se
dedicando com exagerada fixação ao acúmulo de bens na Terra, como se a vida
aqui nunca fosse ter fim. Ridículo por
se angustiar tanto com os problemas do cotidiano, que não tem valorizado a companhia
da esposa, do marido, dos filhos, dos amigos.
Você
descobre que não está vivendo a sua vida, mas gastando a sua vida. E
gastando rápido. Fatos que parecem ter
acontecido ontem, já fazem anos.
Suas
tarefas têm lhe absorvido tanto que você não tem se preparado para enfrentar a
morte, que é certa. Eis aí uma sábia
conclusão. Você teria chegado a ponto de
reconhecer a futilidade da sua vida egoísta e material. Poderia então, a partir daí, aproveitar a
oportunidade para decidir firmemente preparar a sua alma para a vida eterna.
Pensar “nas coisas lá do alto, não nas que são aqui da Terra", como
aconselha a Bíblia. Procurar com
sinceridade se informar sobre o que Deus tem ensinado sobre a existência humana. Inclinar atentamente os ouvidos para as
palavras que o Senhor Jesus Cristo tem deixado gravadas nas páginas dos
Evangelhos. Dedicar-se mais à leitura e
mesmo ao estudo das Escrituras. Empregar
mais o seu tempo em coisas que agrade ao Criador. Enfim, dedicar toda a sua existência ao
controle divino.
A
pessoa que age assim não deixa espaço para a sensação que tem empregado mal a
sua vida. Consegue ficar tranqüila e em
paz com Deus, até mesmo quando se encontra frente a frente com a morte, olhando
para um amigo sem vida.
Ah,
se você soubesse aproveitar aqueles momentos de reflexão para resolver colocar
em prática uma vida obediente a Deus...
Mas,
mísera realidade. Nesse ponto começam a jogar a última pá de terra sobre o
caixão. E você desperta. Acabou o
enterro. Acabou a meditação. De volta ao estacionamento, você ainda troca
algumas palavras com alguém, comentando o triste acontecimento. Mas, quando ultrapassa os limites do
cemitério, seu carro já está apontado de volta ao mundo. Os velhos problemas
voltam à prioridade e vai recomeçar toda a sua incoerente rotina.
Que
pena! Todos aqueles pensamentos, tão fortes e impressionantes, que há poucos
momentos perturbavam a sua mente, agora vão se dissipando como névoa. Em poucos minutos você já não se lembrará de
nenhum deles. Você não soube valorizá-los,
deixou-os escapar, como a criança doente que assiste, impassiva, ao remédio se
esvaindo do frasco espatifado no chão.
Não sabe a falta que vai fazer ao seu organismo. Pois aqueles pensamentos vão fazer muita
falta à sua alma.
Meu
amigo, dê mais importância à eternidade que você tem pela frente. O relógio não pára. Nunca se sabe a que horas vai tocar o alarme
para sua partida. Não deixe para pensar
nos assuntos espirituais somente em outro enterro...
Pr. Mauro Clark